23 abril 2011

Sol em mim


E então a luz se fez!
Dentro do meu peito,
da minha mente...
E iluminou todos os recantos.

A semente da alegria,
que encontrava-se inativa,
seca,
quase morta,
fez-se brotar.

Germinou triunfante,
forte.
Determinada a crescer
e crescer,
sem parar.

E tudo ficou tão claro.
E tudo virou música.
No dia que me permiti ser,
me descobri sol.

Vontade de vazio




Gostaria
apenas
de experimentar o nada.
O oco.
Por um momento.
Esvaziar.

Ser invadida por uma frieza,
uma ausência completa
de mim.
de consciência.
Me deixar levar por isso
com um sorriso cínico
no canto da boca.

Mas, no meu peito bate um coração.
Corre sangue quente nas minhas veias.
E a mente não pára.
Ela critica,
acusa,
avisa.

E o não sentir,
o oco,
o nada...
nunca!

Restando o peito apertado,
sufocado.
O estômago embrulhado
e uma boca seca e amarga,
num suspiro infinito...
Que tenta amansar a cabeça
e o coração.

Esquecer a vontade impossível
de fogo querendo ser gelo...
e de ser pedra
minha alma.

Anne Caroline (Natal, 17/04/2011)

Pequenas ilhas



A vida gosta de lembrar,
sempre que pode,
que nascemos e morreremos sozinhos.

E não importa quantos amigos, filhos, irmãos e amores você tenha ao seu lado.
Nem mesmo uma multidão de anônimos.
Uma ilha é sempre uma ilha,
E não faz diferença quantas outras existam ao seu redor.

Mas, afirmo,
sem melancolia,
que só nos tornamos verdadeiramente completos
quando descobrimos de qual matéria somos feitos.
Pois é isso que nos difere e aproxima.
Como pequenos arquipélagos.

Anne Caroline (11/01/2011 - Santiago | Chile)

21 abril 2011

Todo dia é dia...



Podem me chamar de insensível, de chata, de "do contra", do que quiserem, eu realmente não me importo...e não mudo minha opinião: Dia dos Namorados (e todas estas datas “comemorativas”), pra mim, não existem. Há anos foram abolidas do meu calendário. Entra ano e sai ano é a mesma coisa: as mesmas propagandas bregas, o mesmo apelo pseudo-romântico...é o fim!!! Quer dizer que o casal pode “quebrar o pau” o ano inteiro, contanto que não esqueçam de se presentear no “grande dia”? É isso? Tudo que não quero para minha vida é um relacionamento assim! Tudo que não quero pra mim é a mídia dizendo o que devo fazer e quando devo dar atenção a quem amo...Isto é realmente inconcebível!
Uso este mesmo raciocínio para outras datas similares...que, pra mim, só são comemorativas para o comércio mesmo. Tem coisa mais ridícula que aquele clima de solidariedade forçado de fim de ano? O cara cospe no mendigo o ano inteiro, aí - justamente na época natalina - começa a se achar o generoso (contagiado pelas músicas de reveillon da Globo), doa um pacote de feijão, uma calça furada, e passa a achar que o mundo melhorou...tenha dó!
Outro exemplo clássico é o daquela pessoa que não se importa realmente com você, mas que no dia do seu aniversário passa um “scrap” ou uma mensagem pro seu celular, se achando o maior amigão, dizendo que você é especial e essas baboseiras todas...Do que vale tudo isso? Você realmente se acha especial assim?
A verdade é clara, não adianta mascarar. E eu quero apenas o verdadeiro, não aceito embuste. Quanto ao meu “timing”, só acredito mesmo no HOJE. E é hoje que dou valor ao ser humano, à vida, a quem amo. É hoje que não jogo lixo no chão, é hoje que respeito às pessoas (inclusive as menos favorecidas), que não maltrato animais... e é hoje que dou valor a quem amo. Gosto da espontaneidade, de dizer “eu te amo” de repente (nem sempre com palavras), sem ter que esperar o “Dia do Amigo”, o “Dia dos Pais”, o aniversário, o Natal, ou o dia que for!!!! Amo-os e respeito-os todos os dias. E presenteio sempre que posso, com um abraço, uma mensagem, um telefonema, um carinho, um ombro e um ouvido disponível...que vale mais que mil presentes, ao meu ver. Sem falsas palavras ou sorrisos, e principalmente sem data marcada.

Texto publicado em 09/06/2005 e postado no meu antigo blog, http://comediadiaria.zip.net/ (o primeiro sobre datas comemorativas).

Tudo que preciso



Escrita em 14/07/2005, no meu antigo blog www.comediadiaria.zip.net

Na verdade, não tenho grandes ambições na vida. Já tive maiores, mais inacessíveis. Mas não hoje. As atuais são simples, quase risíveis por alguns. Me contento com o mínimo de dinheiro. Com alguns poucos luxos, como TV fechada e Internet banda larga. Uma saída vez ou outra. Uma boa viagem nas férias, que pode ser até pelo interior mesmo.
Como patrimônio, também o básico: uma casa confortável, que nem precisa ser na cidade, com um jardim, uma garagem e um quintal, onde eu possa ter uma horta e criar um cachorro. Nada demais.
Minhas maiores ambições no passado diziam respeito ao lado profissional. Queria ser importante no que eu fizesse. Quase insubstituível. Mas hoje, me basta fazer algo prazeroso, onde possa ganhar o suficiente para pagar minhas contas e sobrar um troco.
No mais, boas companhias, um bom vinho tinto seco, uma boa comida (com pouca gordura, porque estou de dieta!), uma boa música, um papo agradável, um bom livro, um bom filme, coração cheio e o filho saudável são o suficiente para fazer a minha vida perfeita. O resto é ilusão.

Big-bang particular



Eu não quero ser o outro.
Seu espelho. Seu mundo projetado.
Nem mesmo quero fazer parte de um futuro do qual sei que não pertenço.
Sinto mesmo é a vontade infinita de ser.
Eu, em plenitude. Sem enganos.
Pois às vezes não passo de um feio auto-arremedo.
Uma sombra no canto da sala. Do quarto.
Seja por conveniência, preguiça, medo, cansaço ou pura acomodação.
Mas, sou mais! Bem mais que pareço.
Tanto que em mim mesma não caibo.
O universo inteiro espremido em um corpo delgado, a ponto de explodir.
Big-bang particular.
Meu gênesis.
Um grão a ponto de germinar.
A espera de uma gota de chuva.
Ou da fagulha de um casual raio de sol.

Anne Caroline (Natal, 17/04/2011)

Compreensão silenciosa



Minha sintonia pode ser medida.
Pelo tamanho do meu conforto
(ou desconforto)
diante do silêncio mais profundo do outro.

Pois você pode dizer todas as palavras por horas incontáveis,
gritar...
Mas nada é mais perfeito
e insubstituível
que a comunicação silenciosa entre dois olhares.


Anne Caroline (Natal, 19/12/2010)

Elizabeth


(Texto produzido em homenagem à minha mãe)

07/11/2010

Meu peito é um quarto vazio. Cheio de ecos sombrios e gavetas de lembranças, onde tento organizar - no caos da sua partida - aquilo o que sobrou.

Remendo com cuidado os cacos de boas memórias, jogo fora as mágoas de toda uma vida ( que há muito destroçavam a mobília com seu peso), lustro momentos que, antes irritantes, passaram a ser engraçados.

E entre risos, lágrimas e murmúrios no escuro de noites insones, preparo seu altar de rainha.

04 janeiro 2010

Feliz dia novo

Gostaria de ser menos cética, sem consciência e tatear, como cega, por um caminho já traçado, que promete felicidade fácil. Mas, não consigo. Não que eu seja diferente, especial, coisa nenhuma, mas é impossivel ignorar o "sórdido ululante", sobretudo no final de cada ano. Não mandei cartão de natal, mensagens de bom ano (no máximo respondi, para não parecer mal-educada), nem presenteei ninguém, simplesmente porque acho tudo isso uma farsa, do começo ao fim. Um clima maldosamente disfarçado de “paz na terra” e “esperança no futuro”, criado com duas funções: fazer você gastar o que não tem (e passar o ano endividado) e encobrir a absoluta falta de sentido e comodismo da humanidade, pois precisamos de simbolismos para não morrer de tédio e desculpas esfarrapadas para “esperar” por dias melhores. Então, inventamos datas comemorativas que nos dão cartão verde para sermos hipócritas, comermos exageradamente e bebermos até esquecer a mediocridade das nossas vidas vazias e idiotas. O resultado é que natal nenhum na minha existência me tornou uma pessoa melhor, assim como o ano-novo não me trouxe nada de novo, nem trará para você também, acredite.

Não é um novo calendário de supermercado ou a crendice de pular sete ondinhas no ultimo dia do ano, nem mesmo os pedidos a Deus ou Iemanjá que vão fazer você emagrecer, arrumar um emprego melhor, ser uma nova pessoa. Nada. A recompensa é fruto de um trabalho diário. E é o hoje - e não a segunda-feira, o próximo mês, o próximo ano, a nova década - que faz a diferença real. É o que fazemos diariamente que importa. Isso, sim, tem o poder de transformar. Somente com persistência e suor é que podemos emagrecer (mudando os hábitos alimentares, abdicando uma torta de chocolate por frutas), ganhar mais dinheiro (trabalhando com afinco), comprar uma casa/carro/viajar (economizando, ao invés de estourar o cartão de crédito), passar em concursos (estudando, enquanto todos estão se divertindo), ter mais saúde (vencendo a preguiça e se exercitando diariamente), encontrar mais tempo para os amigos e a família (se esforçando, ao invés de ficar arrumando uma desculpa qualquer), ter um novo amor (se abrindo para a vida, deixando o passado para trás e assumindo o risco) e tudo mais que você queira. Efeitos que só serão possíveis através das causas (“causadas” exclusivamente por você, e não pela força do destino, bênçãos do divino ou golpe de sorte).

É chato e cansativo mudar. Um caminho para poucos, pois é preciso ter coragem para pagar o preço e assumir o comando da própria vida. E o valor é alto, pois você não terá (externamente) a quem culpar e a dúvida na sua capacidade de realização será uma constante. Mas se persistir ficará orgulhoso com o resultado, recuperando a fé em si mesmo. E então a transformação será real e não mais uma promessa renovada ano após ano, anotada na primeira pagina do calendário que ganhou de um “amigo-secreto”, nem tão amigo assim. Pois, apesar das dificuldades, o novo é possível, sim, e virá para todos os que estiverem dispostos a abandonar o auto-engano e descobrir que, para chegar ao final da jornada tão sonhada de felicidade e realizações, é preciso levantar e caminhar. Dia após dia.

Anne Caroline Medeiros – 03.01.10


14 janeiro 2008

Sobre amor, Panela e convicção


É sempre um grande prazer conversar com Marcelo "Panela". Ele é um dos raros amigos que tenho que conhece de "olhos fechados" meu jeito independente de ser, o que rende boas discussões-filosóficas-amorosas-sexuais em nossos (também raros) encontros em mesas de bares ou virtuais...resumindo: é um barato! Na opinião dele (que é a minha também), eu assusto os homens - eu atraio, fascino, mas, assusto terrivelmente, mais cedo ou mais tarde. Ele também acha que será bem difícil eu voltar a me relacionar, tradicionalmente falando. E não é difícil imaginar os motivos que levam meu amigo a ter esta opinião...

Definitivamente, eu não faço jus ao esteriótipo feminino: nunca apreciei contos de fadas, muito menos aquele tradicional fim "felizes para sempre" - ridículo até para tal estilo literário; não tenho o romance como um dos meus gêneros preferidos, sobretudo se for "água-com-açúcar"(confesso que no filme Titanic eu torci para o Jack morrer logo e levar Celine Dion com ele. seria um final realmente esplêndido!!); nunca foi meu sonho entrar de véu e grinalda numa igreja (muito pelo contrário. E quem tiver seus casamentos, que não me chame. Acho chatíssimo!); detesto formalidades, músicas melosas e coisas do gênero. Ou seja, é mais fácil conseguir chamar minha atenção com um comentário irônico e inteligente que com um ramalhete de flores.

E é por ter estas características que, segundo Panela, estou bem longe ser a mocinha perfeita que os "príncipes modernos (?)" procuram: não sou ciumenta (o que causa uma insegurança tremenda nas pessoas - normalmente já inseguras -, de ambos os sexos); não consigo me relacionar profundamente com ninguém ciumento (o que reduz consideravelmente meu universo de pretendentes); não dependo de ninguém financeiramente e emocionalmente (saindo dos padrões da princesinha-patricinha-manipulável que a ala masculina adora, o que também causa um "medão" neles); tenho opinião formada e idéias liberais sobre assuntos diversos, sobretudo os mais polêmicos (ter opinião e idéias já não é bem visto, imagine a formada e as liberais, respectivamente...xiii!!!); adoro a solitude, o que não quer dizer que não goste de uma boa companhia também (aí vem aquela pergunta: "gosta mais de estar só que estar comigo?") e, para terminar .... gosto de ser assim, ou seja, o tiro de largada que faltava para o pretendente começar a correr...de mim, obviamente.

Mas, não se enganem: sou carinhosa, amorosa, sincera, leal com o que sinto...mas, não sei jogar. Quando gosto, demonstro claramente...e costumo exigir apenas uma coisa. Não é fidelidade, não é exclusividade, não é me ver todos os dias, não é planos de casamento futuro, não é eternidade, muito menos perfeição...exijo uma coisa apenas, simples, mas um ato de coragem digno de um titã: convicção. Convicção que sou a escolhida, amada por ser quem sou. Convicção esta que seja capaz de mostrar claramente, com atos - pois as palavras costumam não me convencer - uma coisa: "É você!" Algo acima das convenções sociais, de ter que ter alguém, do medo de ficar só, da necessidade de ter poder sobre o outro, de interesses financeiros ou de perpetuar a espécie, das regras e bons costumes. Algo real, que tenha como essência a vontade de estar junto, mas sem dependência. Duas pessoas inteiras que estão juntas porque querem. Não porque precisam. Só assim, poderei, enfim, compartilhar a vida ao lado daquele que me escolheu e de quem eu escolhi. Sem querer mudá-lo ou ser mudada. Sem neuras, sem farsas, sem medo.

É, meu amigo Marcelo. Meu caso é sem jeito. Sou uma romântica às avessas, pois o "amor" que vejo por aí é um misto de hipocrisia, mentira, interesses, raiva, rancor, frustração, possessividade e insegurança. E isto eu não quero para mim, nem para ninguém. Prefiro ser quem sou, na minha estranheza e solitude. Mas, apesar do ceticismo e de ter certeza que disso eu não morro, ainda tenho esperanças (culpa de um livro bobo, chamado Pollyana, que me deram para ler na infância, que ensinava o "Jogo do Contente". Sabia que ia deixar alguma sequela ler aquela baboseira!!) que um certo "corredor" venha a me surpreender verdadeiramente, vencendo a covardia de praxe e fazendo da "linha de largada"dos demais a sua de chegada... mostrando-se merecedor de um nobre espaço no "pântano" da ogra, que acho que sou, fazendo ali sua morada (afetiva e efetiva) ...e com toda a convicção possível, ainda que sem juras de amor eterno, cavalos brancos e "happy end" de novela das oito.

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26 dezembro 2007

Saudade azul


Este poema foi "concebido" num momento bem específico de ausência e saudade de alguém querido...e - por razões que eu mesma desconheço da minha estranheza - nunca mostrado. Mas, estas linhas não me pertencem...são dele desde antes de serem traduzidas em palavras. Esperam, agora, serem "colhidas" pelo dono, que tenho certeza que se reconhecerá nelas.
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" Me falta algo...e esta ausência sutil faz a minha vida passar como se o seu tempero estivesse quase, mas não ainda...como se todos os meus sentidos estivessem vivos, mas não o bastante para estarem inteiros...de cheiro, sabor, textura ou tonalidade...faltando um tom exato. Um certo tom de cor. Azul. Azul em todas as suas nuances. Só suas. Que me fazem estar mais, ser mais, vibrar mais, sorrir mais. Me falta."
#Outubro de 2007#

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19 dezembro 2007

A insustentável "estranheza" de ser


Há pessoas que não foram feitas para este mundo...e a ele não conseguem se adaptar, por mais que tentem, ao longo da vida. De praxe, descobrem muito cedo a hostilidade deste mesmo mundo aos "seres estranhos" que são e passam toda uma existência se debatendo, como um animal assustado numa pequena jaula. E eu sou assim...e também descobri muito cedo que aqui não é meu lugar. Aos 4 anos eu já sabia disto. Aos 6 anos, me sentia extremamente solitária e, para aliviar, fazia poesias cujo tema era uma estrelinha e "toda saudade angustiada que um homem pode ter", ao ver que ela tinha desaparecido do céu. Na mesma época, comecei a escrever em um diário, hábito que me acompanhou até os 14 anos, quando em um ataque de rebeldia, resolvi destruir todos os meus textos...até hoje me arrependo deste "feito" juvenil. Aos 9, lia muito e escrevia poesias sobre me libertar do peso da existência...coisa não muito apropriada para uma menina da minha idade.
Hoje, aos 30, não mudei tanto...só estou mais resistente às porradas da vida, a ponto de até conseguir rir dela e de mim mesma (sempre com um toque de ironia, confesso). Mas, definitivamente, ainda guardo a mesma certeza de quando eu, aos 4 anos, num momento de lucidez precoce, parei e pensei: "eu não sou daqui. Gostaria de ir pra casa".

17 novembro 2007

Castelos de areia



Às vezes tenho a impressão que ainda sou uma criança de 4 anos fazendo castelinhos na beira do mar. Contruo um bonito, fico feliz...aí vem uma onda e "plaft"...adeus castelinho! Aí, inicio tuuuudo de novo. Pacientemente, num eterno recomeço. E por mais que eu me vanglorie da minha capacidade de adaptação, às vezes cansa. Gostaria de ter mais chão, só pra variar, para então, poder fazer coisas mais sólidas. Acho tenho que sair da "beira da praia," pra início de conversa...e de preferência mudar o tipo de material dos meus castelos. Talvez o design da construção também.

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16 setembro 2007

O tempo, este animal indomável...


Há poucas horas de fazer trinta anos, estou - no momento - com minha vida virada de ponta cabeça, mas num caos organizado. Mas, a impressão que tenho é que montei em um animal selvagem e tive as rédeas arrancadas num dos saltos...e agora tento achar meu eixo à força e recuperar o controle. Há exatos 20 dias, mudei tudo o que me era familiar, apesar da saudade do meu filhote, da minha gata Jurema e da companhia do meu amigo-irmão, Ita. Mudei de trabalho, de endereço, de cidade, de rotina...estou morando alguns poucos dias em Natal, dividindo o apartamento com uma amiga, e outros na cidade em que estou trabalhando a maior parte do tempo: Pipa.
Não, minha rotina não é de baladas, de festas ou de "chapações". Raramente vou à cidade, pois estou há 2 km do ponto final do centro e tenho meu dia bem atarefado. Normalmente acordo com o canto dos pavões, tomo um banho e venho trabalhar, no escritório ao lado do chalé 04, onde resido temporariamente até o alojamento ficar pronto. Quase todos os dias volto às 21h, já bem cansada e com sono. Já me acostumei com o silêncio típico do lugar, com uma mica chamada "chiquinha" roubando minha comida e com a lentidão da Internet.
Mas, minha missão aqui é me achar...e não fugir de mim. Curar algumas "feridas emocionais", zerar as pendências financeiras e me fortalecer. Até poder, finalmente, segurar as rédeas ou mesmo domar a minha vida.

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03 agosto 2007

Eu, no meu lugar.



O caminho foi longo, cheio de buracos, mas já vejo um cenário mais tranquilo na minha frente...tão próximo, que quase posso tocá-lo.
Meu olhar mudou, minha atitude também. Passei a enfrentar os problemas de frente. Sem panos quentes, sem meias-palavras...este é meu momento. Estou inteira. De alma leve e coração aberto.
Novos trabalhos, nova condição financeira, indo dividir o apartamento com uma amiga...e cheia de planos...deixei o passado ir, estou vivendo o presente, fazendo dele o meu lugar, e estou com planos para o futuro, mas sem me perder em sonhos e devaneios.
O que mais posso desejar? Estou feliz! Finalmente, depois de um longo tempo, posso sentir a vida seguir num ritmo que eu conheço e gosto...o meu.

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21 julho 2007

Reencontrando (-se)



Hoje, mexendo em velhos disquetes, encontrei dois textos que amo, mas que achei que tinha perdido definitivamente. E que belo reencontro...foi como achar pedaços de mim, esquecidos pelo tempo...

O Belo e o Feio


A beleza é um momento. Um sopro. Um estado de espírito. De pureza. De graça.
A feiura, por sua vez, é simplesmente a falta de percepção da beleza. E há beleza e feiura em tudo a nossa volta...
Podemos achar beleza na simplicidade de um olhar, de um gesto. No cotidiano, no banal, no tédio. Podemos achar bela a escuridão, com seus tons cinzas e assustadores, que traz consigo o medo, a morte...e a beleza está em todas elas. Em toda parte.
Não há regra para a beleza. Ela apenas é. Nada mais. Bela é a miséria na lente de um bom fotógrafo. Belos são os vitrais de uma imponente igreja secular aos olhos de um ateu. Belo é o céu em dias de tempestade para quem possui esperança no amanhã. Bela a dor, a fúria e o desespero para quem tem fé. E belo é o feio aos olhos de quem ama...
Mas, de repente, uma nuvem negra nos cobre os olhos, a mente e o coração. Ficamos amargos. E tudo deixa de ter um significado. Banalizamos a essência das coisas e começamos desprezar até mesmo o sorriso de uma criança. Ficamos vazios para o mundo e ele nos retribui, negando a beleza de seus pequenos milagres. E tudo se perde. Tudo deixa de ser.
Mas o tempo passa. Cura. E o feio cansa de ser o que é. Fica saudoso. E logo está entoando a melodia de sempre, fazendo as pazes com Afrodite. Simples assim.
Não há mistério ou segredos invioláveis. A beleza dispensa artifícios ou livros de auto-ajuda para ser desvendada, apreciada. A verdadeira beleza está dentro de cada um de nós, na imperfeição, nos pequenos gestos, no ato de comer de um faminto, nas cores, na simplicidade do dormir e do acordar, nas formas, texturas, gostos, no erro... esperando, pacientemente, o momento certo de desabrochar.

Anne Caroline JAN/99

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A HISTÓRIA DO GIGANTE TORTO


Há muito essa história não é segredo: filho bastardo de uma senhora poderosa, dizem que foi maltratado e explorado, sem dó, desde seu nascimento. Até que um dia cansou-se de sua condição, revoltou-se contra seus pais/carrascos e conseguiu libertar-se. Desde então, o gigante menino tentou, sozinho, aprender a andar e acertar seu caminho, seguindo a ermo pela vida.
Hoje já não é tão menino assim e, mesmo carente, está cada vez mais forte. Mas, apesar de ter, após muito esforço, aprendido a andar, dizem que ainda não conseguiu achar seu caminho.
É rico. Dono incontestável de uma vasta extensão de terras privilegiadas - que se plantando tudo dá - além de possuir um céu risonho e límpido, mares de águas claras, belas florestas, pantanais e misteriosos desertos.
Mesmo com tantas maravilhas e riquezas, o gigante às vezes cobre-se de vergonha por seus atos de mesquinhez e miséria. Carente de ordem e progresso, seu céu, sempre azul, torna-se negro e troveja, para depois aparecer com um arco-íris de todas as cores (Sapucaí). E suas estrelas voltam então a gingar ao som de uma música pagã (abençoada por Deus), como se o céu nunca tivesse trovejado.
Outras vezes, semi-deuses descem dos céus e brincam, como crianças, nos campos verdes. Enchendo o paraíso multicolorido de uma alegria redonda, fazendo o gigante esquecer todos os males de sua terra.
Esse gigante imperfeito tem nome masculino, mas é idolatrado e amado como uma mãe gentil. Ele tem vários rostos, várias cores e personalidades. Milhões. É misto e contraditório. Miscigenado em sua alma, gestos e formas. Possui uma cultura única e uma linguagem farta, Ímpar com seus folguedos, músicas, lendas, ritos, mitos e sabenças.
Escolhido entre outros mil, salve esse ser adormecido. Salve esse colosso de tantas qualidades desconhecidas por si mesmo. Gigante torto, teu nome é Brasil.

Nov/1998

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Lugar nenhum. Todos os lugares.


Meu caminho não é o mesmo.
Na verdade, não é mais nem caminho.
Mudou ao longo do tempo...Uma, duas, três...Incontáveis vezes.
Depois, retrocedeu.
Antes, seguia uma estrada de sonhos, mas com uma certa lógica mundana.
Como naqueles mapas de tesouros, com um grande X vermelho marcando o lugar aonde se deveria chegar.
Hoje, ele aponta para dentro. Para uma jornada interna. Uma incógnita.
Lugar nenhum. Todos os lugares.
Aberto às possibilidades. Todas.
No meu novo não-caminho, cabe o mundo.

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26 junho 2007

Série diálogos impagáveis - # 02: Diabolicamente Zen


Diálogo impagável com minha endocrinologista, após 2 horas na sala de espera:

- "Você tem praticado exercícios físicos?" - Perguntou a Dra.

- "Estava caminhando, mas parei desde que torci o pé. Mas, vou entrar na ioga." - Respondi, animada.

- "Continue com a caminhada, minha filha. Não faça Ioga!" - Disse a endocrinologista, com um ar grave.

- "Porque, Dra? A caminhada é melhor que a Ioga para a saúde?" - Perguntei, preocupada.

- "Não. É que a Ioga afasta as pessoas do caminho do Jesus." - Respondeu a médica (?) .

E eu, em choque e com cara de "ahn?"- sem conseguir acreditar no que tinha acabado de escutar - fiquei atrás de uma explicação lógica para aquilo: tinha errado o endereço e entrado, por engano, numa igreja evangélica? Era alguma promoção da clínica, do tipo: "perca peso e salve sua alma?"
No fim, fiz a única coisa que poderia, a menos que tivesse a intenção de ser exorcizada ali mesmo: desconversei. Pedi a requisição para fazer meus exames e saí de lá correndo...mas, ao abrir a porta, ainda escutei a frase: -"Não esqueça, minha filha: desista da Ioga! Só Jesus salva"...melhor mesmo foi imaginar um demo zen, em ásana de lótus.

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04 junho 2007

Pro dia nascer feliz



Hoje acordei cedinho, coloquei minha malha e voilá...fui caminhar na praia de Ponta Negra. Nada melhor que ver o sol nascendo, em um céu de "vanilla" e escutar o barulho do mar...um balsamo para os olhos e a alma! Depois, ainda tomar uma água de côco e fazer meditação olhando para o oceano. Uma ótima maneira de começar o dia! Fiquei até grata pela insônia das 4 da matina.

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29 maio 2007

Um caminho para o novo...



"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".

Fernando Pessoa


Fase de transformação, de aceitar que não sou mais a mesma...e de abandonar quem eu costumava ser, meus velhos hábitos, casca, padrões e até conceitos. Tarefa nada fácil, pois é preciso fechar a porta, trancá-la e jogar a chave fora...e não apenas encostá-la, para - assim - poder seguir em frente e aproveitar, de fato, o que virá.
Um ano de transformações, de quedas, de aprendizado...de coração partido, de descobrir minha força e o que quero (e principalmente o que não quero) para minha vida. E hoje eu sei! Sei quem sou, o que busco e que caminho quero trilhar...conheço também meus medos, fraquezas, carências e entraves...mas, não fujo mais deles...eu os enfrento com bravura, apesar de saber que nem sempre irei sair vencedora...mas, nunca desistirei de mim mesma (e isto já não seria uma vitória?).
É hora...a chave está na porta e chegou o momento de girá-la. Enfim, estou pronta para atravessar a ponte!

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