14 janeiro 2008

Sobre amor, Panela e convicção


É sempre um grande prazer conversar com Marcelo "Panela". Ele é um dos raros amigos que tenho que conhece de "olhos fechados" meu jeito independente de ser, o que rende boas discussões-filosóficas-amorosas-sexuais em nossos (também raros) encontros em mesas de bares ou virtuais...resumindo: é um barato! Na opinião dele (que é a minha também), eu assusto os homens - eu atraio, fascino, mas, assusto terrivelmente, mais cedo ou mais tarde. Ele também acha que será bem difícil eu voltar a me relacionar, tradicionalmente falando. E não é difícil imaginar os motivos que levam meu amigo a ter esta opinião...

Definitivamente, eu não faço jus ao esteriótipo feminino: nunca apreciei contos de fadas, muito menos aquele tradicional fim "felizes para sempre" - ridículo até para tal estilo literário; não tenho o romance como um dos meus gêneros preferidos, sobretudo se for "água-com-açúcar"(confesso que no filme Titanic eu torci para o Jack morrer logo e levar Celine Dion com ele. seria um final realmente esplêndido!!); nunca foi meu sonho entrar de véu e grinalda numa igreja (muito pelo contrário. E quem tiver seus casamentos, que não me chame. Acho chatíssimo!); detesto formalidades, músicas melosas e coisas do gênero. Ou seja, é mais fácil conseguir chamar minha atenção com um comentário irônico e inteligente que com um ramalhete de flores.

E é por ter estas características que, segundo Panela, estou bem longe ser a mocinha perfeita que os "príncipes modernos (?)" procuram: não sou ciumenta (o que causa uma insegurança tremenda nas pessoas - normalmente já inseguras -, de ambos os sexos); não consigo me relacionar profundamente com ninguém ciumento (o que reduz consideravelmente meu universo de pretendentes); não dependo de ninguém financeiramente e emocionalmente (saindo dos padrões da princesinha-patricinha-manipulável que a ala masculina adora, o que também causa um "medão" neles); tenho opinião formada e idéias liberais sobre assuntos diversos, sobretudo os mais polêmicos (ter opinião e idéias já não é bem visto, imagine a formada e as liberais, respectivamente...xiii!!!); adoro a solitude, o que não quer dizer que não goste de uma boa companhia também (aí vem aquela pergunta: "gosta mais de estar só que estar comigo?") e, para terminar .... gosto de ser assim, ou seja, o tiro de largada que faltava para o pretendente começar a correr...de mim, obviamente.

Mas, não se enganem: sou carinhosa, amorosa, sincera, leal com o que sinto...mas, não sei jogar. Quando gosto, demonstro claramente...e costumo exigir apenas uma coisa. Não é fidelidade, não é exclusividade, não é me ver todos os dias, não é planos de casamento futuro, não é eternidade, muito menos perfeição...exijo uma coisa apenas, simples, mas um ato de coragem digno de um titã: convicção. Convicção que sou a escolhida, amada por ser quem sou. Convicção esta que seja capaz de mostrar claramente, com atos - pois as palavras costumam não me convencer - uma coisa: "É você!" Algo acima das convenções sociais, de ter que ter alguém, do medo de ficar só, da necessidade de ter poder sobre o outro, de interesses financeiros ou de perpetuar a espécie, das regras e bons costumes. Algo real, que tenha como essência a vontade de estar junto, mas sem dependência. Duas pessoas inteiras que estão juntas porque querem. Não porque precisam. Só assim, poderei, enfim, compartilhar a vida ao lado daquele que me escolheu e de quem eu escolhi. Sem querer mudá-lo ou ser mudada. Sem neuras, sem farsas, sem medo.

É, meu amigo Marcelo. Meu caso é sem jeito. Sou uma romântica às avessas, pois o "amor" que vejo por aí é um misto de hipocrisia, mentira, interesses, raiva, rancor, frustração, possessividade e insegurança. E isto eu não quero para mim, nem para ninguém. Prefiro ser quem sou, na minha estranheza e solitude. Mas, apesar do ceticismo e de ter certeza que disso eu não morro, ainda tenho esperanças (culpa de um livro bobo, chamado Pollyana, que me deram para ler na infância, que ensinava o "Jogo do Contente". Sabia que ia deixar alguma sequela ler aquela baboseira!!) que um certo "corredor" venha a me surpreender verdadeiramente, vencendo a covardia de praxe e fazendo da "linha de largada"dos demais a sua de chegada... mostrando-se merecedor de um nobre espaço no "pântano" da ogra, que acho que sou, fazendo ali sua morada (afetiva e efetiva) ...e com toda a convicção possível, ainda que sem juras de amor eterno, cavalos brancos e "happy end" de novela das oito.

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5 Comentários:

Às 9:29 AM , Blogger Marcelo Tavares disse...

O que posso dizer? Tu me enche de orgulho. Não só pelo texto perfeito e redondo, mas, sobretudo, por tua personalidade, tuas convicções, por esse modo claro, franco e honesto de encarar a vida. Aproveito pra pedir antecipadamente o perdão das meninas, mas o bom mesmo é ter a companhia de uma MULHER de verdade. Descobri isso faz tempo. ;)E sabe o que me deixa mais feliz? Você veio pra ficar. Ah, só mais uma coisa: é bom avisar aos "meninos" que correr faz muito bem pra o coração! =) Te amo, minha bela. Muito.

 
Às 7:07 PM , Blogger Anderson Tissa disse...

Anne você é meu lado feminino! Pensamos da mesma maneira. Chega de rotular o "amor", ninguém sabe o que é amar. As amam mais o amor de cinema do que o amor cruel e injusto de nossa realidade! Amor que é amor: de pai pra filho, de mãe pra filha!

Exagerei?

 
Às 11:52 AM , Blogger Ana Emília disse...

figurinha...

bju!

 
Às 11:34 PM , Anonymous Anônimo disse...

Hum... Chega dei um profundo suspiro agora. :/ Estava precisando ler essas palavras. (ei,Barreta Gay foi foda...rs) Beijo! Karen.

 
Às 4:51 PM , Anonymous Anônimo disse...

Achei esse blog muito por acaso, mas nunca tinha lido uma descriçãod e mim mesma tão bem feita. Deu um aperto no coração, já tinha me convencido que era um bicho do mato irrecuperável e destinada à solidão. Pelo jeito não estou tão sozinha assim.
Não sei nem o que dizer.
Um grande abraço,
Erendis

 

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