
É sempre um grande prazer conversar com Marcelo "Panela". Ele é um dos raros amigos que tenho que conhece de "olhos fechados" meu jeito independente de ser, o que rende boas discussões-filosóficas-amorosas-sexuais em nossos (também raros) encontros em mesas de bares ou virtuais...resumindo: é um barato! Na opinião dele (que é a minha também), eu assusto os homens - eu atraio, fascino, mas, assusto terrivelmente, mais cedo ou mais tarde. Ele também acha que será bem difícil eu voltar a me relacionar, tradicionalmente falando. E não é difícil imaginar os motivos que levam meu amigo a ter esta opinião...
Definitivamente, eu não faço jus ao esteriótipo feminino: nunca apreciei contos de fadas, muito menos aquele tradicional fim "felizes para sempre" - ridículo até para tal estilo literário; não tenho o romance como um dos meus gêneros preferidos, sobretudo se for "água-com-açúcar"(confesso que no filme Titanic eu torci para o Jack morrer logo e levar Celine Dion com ele. seria um final realmente esplêndido!!); nunca foi meu sonho entrar de véu e grinalda numa igreja (muito pelo contrário. E quem tiver seus casamentos, que não me chame. Acho chatíssimo!); detesto formalidades, músicas melosas e coisas do gênero. Ou seja, é mais fácil conseguir chamar minha atenção com um comentário irônico e inteligente que com um ramalhete de flores.
E é por ter estas características que, segundo Panela, estou bem longe ser a mocinha perfeita que os "príncipes modernos (?)" procuram: não sou ciumenta (o que causa uma insegurança tremenda nas pessoas - normalmente já inseguras -, de ambos os sexos); não consigo me relacionar profundamente com ninguém ciumento (o que reduz consideravelmente meu universo de pretendentes); não dependo de ninguém financeiramente e emocionalmente (saindo dos padrões da princesinha-patricinha-manipulável que a ala masculina adora, o que também causa um "medão" neles); tenho opinião formada e idéias liberais sobre assuntos diversos, sobretudo os mais polêmicos (ter opinião e idéias já não é bem visto, imagine a formada e as liberais, respectivamente...xiii!!!); adoro a solitude, o que não quer dizer que não goste de uma boa companhia também (aí vem aquela pergunta: "gosta mais de estar só que estar comigo?") e, para terminar .... gosto de ser assim, ou seja, o tiro de largada que faltava para o pretendente começar a correr...de mim, obviamente.
Mas, não se enganem: sou carinhosa, amorosa, sincera, leal com o que sinto...mas, não sei jogar. Quando gosto, demonstro claramente...e costumo exigir apenas uma coisa. Não é fidelidade, não é exclusividade, não é me ver todos os dias, não é planos de casamento futuro, não é eternidade, muito menos perfeição...exijo uma coisa apenas, simples, mas um ato de coragem digno de um titã: convicção. Convicção que sou a escolhida, amada por ser quem sou. Convicção esta que seja capaz de mostrar claramente, com atos - pois as palavras costumam não me convencer - uma coisa: "É você!" Algo acima das convenções sociais, de ter que ter alguém, do medo de ficar só, da necessidade de ter poder sobre o outro, de interesses financeiros ou de perpetuar a espécie, das regras e bons costumes. Algo real, que tenha como essência a vontade de estar junto, mas sem dependência. Duas pessoas inteiras que estão juntas porque querem. Não porque precisam. Só assim, poderei, enfim, compartilhar a vida ao lado daquele que me escolheu e de quem eu escolhi. Sem querer mudá-lo ou ser mudada. Sem neuras, sem farsas, sem medo.
É, meu amigo Marcelo. Meu caso é sem jeito. Sou uma romântica às avessas, pois o "amor" que vejo por aí é um misto de hipocrisia, mentira, interesses, raiva, rancor, frustração, possessividade e insegurança. E isto eu não quero para mim, nem para ninguém. Prefiro ser quem sou, na minha estranheza e solitude. Mas, apesar do ceticismo e de ter certeza que disso eu não morro, ainda tenho esperanças (culpa de um livro bobo, chamado Pollyana, que me deram para ler na infância, que ensinava o "Jogo do Contente". Sabia que ia deixar alguma sequela ler aquela baboseira!!) que um certo "corredor" venha a me surpreender verdadeiramente, vencendo a covardia de praxe e fazendo da "linha de largada"dos demais a sua de chegada... mostrando-se merecedor de um nobre espaço no "pântano" da ogra, que acho que sou, fazendo ali sua morada (afetiva e efetiva) ...e com toda a convicção possível, ainda que sem juras de amor eterno, cavalos brancos e "happy end" de novela das oito.
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