14 março 2007

Dia da poesia, com Dylan Thomas


E a Morte Perderá o seu Domínio

E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-se
com o homem no vento e na lua do poente;
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos
hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar
não morrerão com a chegada do vento;
ainda que, na roda da tortura, comecem
os tendões a ceder, jamais se partirão;
entre as suas mãos será destruída a fé
e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos
nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor
erguer a sua corda em direcção à força das chuvas;
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer
como pregos as suas cabeças pelas margaridas;
é no sol que irrompem até que o sol se extinga,
e a morte perderá o seu domínio.


In, A Mão ao Assinar Este Papel, tradução de Fernando Guimarães

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13 março 2007

Aprendendo a viver



Si de repente fuerse el fin del mundo y se abriera el cielo, no habría leyes, no había reglas. Sólo quedarías tú y tus recuerdos.
– Dr. Lilian (
Donnie Darko, 2001)


Depois de muito “apanhar”, aprendi a viver. Hoje, sou grata pelo que passei...e por ter me tornado quem sou. E não trocaria minha vida por nenhuma outra. Claro que há coisas que me faltam, financeiramente, emocionalmente...mas, hoje aceito o que me vem e já sei lutar pelo que quero. Também aprendi a aceitar a instabilidade das situações...suas surpresas (nem sempre boas)...e o caos inerente à vida. Aceito e gosto das coisas como são. Sem arrependimentos, sem dramas...e para dizer a verdade, normalmente me divirto à beça: a vida tem ironia cômica na medida certa, pro meu gosto. Não perdi minha capacidade de rir, de me emocionar ou de acreditar na bondade, apesar das cicatrizes.

PS: Ouvindo "The Killing Moon" (Echo And The Bunnymen) - Donnie Darko Soundtrack.

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10 março 2007

A beleza das pequenas coisas


"...É difícil ficar zangado quando há tanta beleza no mundo. Às vezes, acho que estou vendo tudo de uma vez e é demais. Meu coração se enche como um balão prestes a estourar. E então, lembro de relaxar...e de tentar parar de apegar-me a isso...e então, tudo flui através de mim com chuva...e só posso sentir gratidão por todos os momentos da minha vida idiota. Vocês não têm idéia do que estou falando, tenho certeza. Mas, não se preocupem...um dia, terão". (Lecter Burham - no filme "American Beauty")
Realmente há muita beleza ao nosso redor... para vê-la, é necessário "educarmos" nossos olhos para ir além do óbvio e da letargia cotidiana. A partir daí, nunca mais seremos os mesmos. É como se acordássemos de um coma...
PS: Ouvindo "Dead Already" - American Beauty Soundtrack

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